Estimular os alunos a falar de si mesmos e a explicar um ponto de vista com as próprias palavras é um bom jeito de lidar ccom a dificuldade de ensinar inglês para adultos.
Você já ouviu muitas vezes que é bem mais difícil para o adulto aprender inglês (ou qualquer outro idioma) do que para a criança.
Todos nós gostaríamos que isso fosse mito, mas é fato que adultos têm de trabalhar bem mais do que crianças para dominar uma segunda língua, porque o cérebro tende a proteger a autoridade da língua materna.
Ademais, não é apenas difícil para aprender.
Ensinar inglês para adultos também é um grande desafio para os professores.
Quando pensamos nos brasileiros, o desafio de ensinar inglês para adultos é enorme.
Somente 5% dos adultos brasileiros alegam ser fluentes em inglês, é o que mostra a pesquisa da instituição cultural British Council.
O analfabetismo funcional afeta 18% dos brasileiros de 25 a 34 anos e 52% daqueles de 50 a 64 anos, segundo a mesma pesquisa.
Em um mundo globalizado e com um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, aprender uma nova língua se tornou uma necessidade.
Se ler, escrever e fazer contas no dia a dia é uma dificuldade para muitos brasileiros, falar um segundo idioma na fase adulta é ainda mais complicado.
Já o principal ranking de países onde há adultos com habilidades em inglês, o EF Proficiency Index, aponta que o estado de São Paulo é o que concentra mais adultos fluentes no idioma.
Mas, não está tão bem assim, já que numa escala que vai de “muito baixo” a “muito alto”, os paulistas têm um nível de inglês “moderado”.
Além disso, o index mostra que as brasileiras falam inglês melhor do que os brasileiros.
Por que é tão difícil para o adulto falar inglês?
O psiquiatra Norman Doidge explica o seguinte:
“Aprender uma segunda língua, depois de terminado o período crítico da aprendizagem de idiomas, é mais difícil porque, à medida que envelhecemos, quanto mais usamos a nossa língua materna, mais dominamos o espaço do nosso mapa linguístico. Porque a plasticidade é competitiva, é muito difícil aprender uma nova língua e acabar com a tirania da língua materna”.
Reparou que a língua nativa é chamada de tirana?
O que geralmente ocorre é a tradução cruzada, isto é, a pessoa sempre pensa na língua materna quando tenta falar um segundo idioma.
Ao escutar algo em inglês e ao tentar responder nesta língua, o indivíduo pensa, primeiro, em português.
Isso já não acontece com o cérebro das crianças, ao menos até por volta dos 10 anos de idade.
Nos casos em que o adulto não é capaz de associar a palavra estrangeira ao símbolo ou conceito que ela representa, é preciso um método específico de ensinar.
Esse método de ensinar inglês para adultos consiste em ler, ouvir e falar simultaneamente.
O aluno precisa repetir o conteúdo enquanto ouve e lê ao mesmo tempo para desativar o hábito espontâneo de pensar na língua materna.
6 dicas de como ensinar inglês para adultos
A vantagem de ensinar inglês para adultos é que eles não estão na classe porque foram obrigados pelos pais, mas porque têm uma motivação:
Imigrar, viajar a passeio ou a trabalho, comunicar-se com o parceiro estrangeiro, conseguir determinado cargo.
A seguir, veja 6 dicas de como aproveitar essa motivação para ensinar inglês para os adultos.
Apresente planos de aulas sólidos
Adultos são exigentes, esperam resultados e que você assuma a responsabilidade pelo sucesso de seu aprendizado.
Vão te desafiar e testar o quanto você sabe sobre aquilo que propõe a ensinar.
Por isso, é tão importante que aprendam frases e vocabulário úteis e práticos, que possam aplicar no dia a dia.
Os contextos apresentados podem ser os mais diversos, de compras no mercado e passeio turístico a entrevista de emprego.
Estimule-os a falar
Uma classe mais velha pode ficar muito preocupada com a pronúncia exata, podem ficar tímidos e muito nervosos no momento dos exercícios práticos.
Mas é possível e nem se deve escapar do exercício oral.
Línguas derivadas do latim têm fonética muito diferente das de origem germânica, então, o professor tem de exercitar a turma de forma que compreendam e sejam compreendidos.
A pronúncia é relevante, mas ser capaz de se comunicar (entender e fazer-se entendido) é fundamental.
Uma vez que os alunos estejam confortáveis, as aulas de pronúncia podem até ser divertidas.
Mostre o vocabulário que será estudado
Na nossa língua materna, entendemos o que é dito no rádio ou na tv sem ter de prestar muita atenção porque estamos familiarizados com as palavras.
Já muitas palavras desconhecidas dificultam a escuta e abalam a confiança.
Antes de “dar o play” no vocabulário, permita que os alunos o leiam primeiro, em seguida, faça uma atividade prática simples, como preencher os espaços nas frases.
Use a música
Utilizar canções nas aulas de inglês ajuda a familiarizar-se com o som das palavras, pode mostrar aspectos de uma cultura e grava o vocabulário na memória.
Comece com as fáceis (mas não infantis) e, conforme a classe progride, passe para as de palavras pouco usadas, com ritmo rápido e letras mais elaboradas.
Chame-os pelo nome
Chame o aluno pelo nome ao perguntar sobre um exercício, assim ele saberá que é quem deve responder.
Os alunos que falam pouco poderão te odiar por um momento, mas é o jeito de fazê-los vencer a timidez e praticar sem recusar.
Ative o conhecimento
Suponhamos que você coloque um áudio sobre movimentos migratórios, este é o contexto.
Dê um tempo para que os alunos relembrem o que sabem sobre o assunto, mesmo que tenham aprendido sobre isso em português.
Então, faça perguntas: o que você sabe sobre o assunto? Que povos migraram para o Brasil? Em que época?
Que legado deixaram na cultura, na comida e na língua? Ainda existem colônias desses povos? Onde?
Conclusão
Parte do segredo de ensinar inglês para adultos está relacionada à praticidade, à possibilidade de prover um conhecimento que poderão usar em situações reais.
É comum ouvir coisas do tipo “gasto dinheiro com aulas de inglês, estudo há anos e não consigo falar uma palavra!”.
Pode ser que o idioma esteja lá, em algum lugar do cérebro, esperando para ser usado.
Às vezes, o diálogo em inglês só ocorre numa situação de emergência, em que a pessoa se sente forçada a falar.
Por isso, é crucial que, independentemente da timidez, da pronúncia ruim, do não se lembrar das palavras, o professor incite o aluno a falar em inglês.
A compartilhar sua opinião sobre um assunto, a explicar o que foi dito, a se expressar com auxílio de vídeo, texto, figuras, áudio e até em festinhas e outras atividades fora de classe.
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