A pandemia do novo coronavírus afetou praticamente todos os setores da economia, mas em intensidade variada. No entanto, é inegável que o setor de educação está entre os mais afetados. O que testemunhamos ao longo de 2020 foi um cenário assustador: filhos em casa, faculdades proibidas de abrir suas instalações, queda vertiginosa nos ingressantes de inverno.

O ensino à distância sofreu um pouco menos os efeitos da pandemia uma vez que a presencialidade é baixa por definição. Porém, o ensino presencial, que engloba cerca de metade dos ingressantes da graduação e quase a totalidade das faculdades de médio e pequeno porte, teve um semestre para esquecer.

Com tudo isso mente, resta a dúvida: e agora? O que será do presencial? A queda veio para ficar? O alunado vai migrar de vez para o ensino à distância?

A resposta é não.

O Quero Bolsa realizou uma pesquisa com mais de 600 alunos que deixaram de ingressar na graduação neste inverno por conta da pandemia. Destes, 76% afirmaram que postergaram o ingresso para 2021, enquanto que apenas 24% desistiram totalmente de fazer uma faculdade.

Não obstante a tragédia de se perder cerca de um quarto dos ingressantes de um ciclo de inverno, o copo está claramente mais cheio do que vazio. Ademais, desses mais de três quartos que pretendem voltar, cerca de 83% pretendem ingressar no ensino presencial. Mais do que esses dados conversarem com o fato de que a maior perda de captação no inverno tenha sido no presencial, eles indicam uma sinalização clara de o presencial ainda é a modalidade preferida de muitos. Ademais, as buscas no Quero Bolsa por ensino presencial, deprimidas durante o ciclo de inverno, vem apresentando uma aceleração substancial nas últimas duas semanas, em o que parece ser um early sign de concretização do retorno da demanda da modalidade.

Aguardemos.

Rui Goncalves
por Rui Goncalves
Jornalista especializado em educação.
Editor do Minuto da Educação e do Radar da Educação.