Entenda como construir cursos alinhados ao mercado de trabalho e às expectativas profissionais dos alunos 

Conquistar o sucesso profissional é um dos maiores desejos de quem estuda em uma instituição de ensino. Para os que estão perto de concluir um curso, esse desejo já é uma preocupação. Ter estabilidade financeira e uma carreira são demandas reais do seu aluno. Dessa maneira, sua IE precisa saber como aproximar os alunos do mercado de trabalho.

Neste contexto, o papel da sua instituição é oferecer estrutura para que o estudante construa sua trajetória. A grade curricular dos cursos, o projeto pedagógico, os eventos acadêmicos e as parcerias de estágio são formas de fazer isso.

O sucesso de um estudante no mundo profissional traz benefícios para sua IE também. Formar profissionais bem sucedidos gera marketing espontâneo para sua instituição. A missão de ser a ponte entre o aluno e o mercado de trabalho fortalece a marca da sua instituição.

Para saber gerar oportunidades, o gestor precisa conhecer os desafios desta missão. Neste blogpost  vamos analisar o atual momento do mercado de trabalho brasileiro. Além disso, você vai conhecer propostas que estão funcionando em instituições pelo país. Vamos lá?

mulher de negócios de terninho preto segurando um tablet

Mercado de trabalho no Brasil: incertezas e possibilidades para  seu aluno e sua IE

Uma das palavras que mais assusta alunos e gestores é a crise. No atual momento, ela está constantemente nas manchetes e análises de economistas. Portanto, o mercado de trabalho brasileiro não vive uma boa fase.

Os últimos dados oficiais sobre emprego no Brasil mostram que temos 13,4 milhões de desempregados. A estatística revela uma economia parada e enfraquecida. Segundo especialistas, a expectativa para melhorias reais no cenário é para daqui cerca de três anos ou mais.

Assim como outros segmentos, o mercado educacional também sente o impacto das crises. O medo do desemprego e a desconfiança com o cenário negativo podem fazer alunos desistirem ou abandonarem seus cursos. A crise no mercado de trabalho gera evasão e inadimplência para as IEs.

Apesar do caráter preocupante, não é a primeira vez que o país passa por momentos como esse. Períodos de crise são complexos e exigem uma busca constante por alternativas inovadoras.

O cenário atual parece catastrófico, mas existem, também, algumas janelas de oportunidade. As instituições de ensino que souberem se reinventar e estimular seus alunos, sairão fortalecidas da crise.

Assim sendo, vamos conhecer algumas maneiras de aproximar seu aluno da realidade do mercado de trabalho?

Formando alunos para o mercado de trabalho: a referência das IEs paulistas

Elaborar e atualizar uma grade curricular é um dos maiores desafios de uma IE. Definir como como será um curso envolve micro decisões que impactam nos resultados da instituição. Entender o mercado de trabalho é um dos critérios mais importantes deste processo.

As IEs devem equilibrar estratégias que atendam o perfil do aluno e do mercado. Isso não significa abrir mão de seu projeto pedagógico ou deixar a teoria de lado. Entretanto, é fundamental saber adaptar-se.

Atualmente, a tecnologia é uma das maiores aliadas das instituições de ensino. Ela proporciona a criação de cursos híbridos e a otimização de processos internos de trabalho. Além disso, a tecnologia em sala de aula facilita o processo de aprendizagem

Instituições de ensino como as Fatecs e Etecs têm extraído o melhor da era digital.  Elas são ótimos exemplos de como ter um projeto pedagógico que aproxima os alunos da realidade do mercado. Vamos conhecer melhor essas propostas?

Fatec: formação superior e as oportunidades do mercado de trabalho

Executiva graduada sorrindo para a câmera de terninho cor clara

A Fatec é a  Faculdade de Tecnologia de São Paulo. Atualmente, o estado sedia mais de 60 unidades de Fatecs, que oferecem cursos gratuitos na área de tecnologia.

Diferente do que muitas pessoas imaginam, a Fatec não oferta cursos técnicos. Os cursos são de graduação e duram cerca de três anos. As fatecs são instituições de ensino superior públicas.

Quem se forma pela Fatec torna-se um profissional direcionado para aplicação e o desenvolvimento das tecnologias. No mundo em que vivemos hoje, este perfil é cada vez mais demandado e valorizado pelo mercado de trabalho.

A Secretária de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho de São Paulo, Aline Cardoso,  explica brevemente o cenário das Fatecs: “Ao menos no estado de São Paulo, há uma abertura muito grande das universidades e dos alunos para pensar novos modelos e formatos na educação. Com as empresas dentro dos campi, os alunos estão tendo muito acesso a ambientes de inovação. A ideia é criar oportunidades para que eles saiam dos cursos bem formados e empregados”, diz.

Segundo dados do Centro Paula Souza – mantenedora da instituição em todo Estado, o índice de empregabilidade é de 80% para ex – alunos das Fatecs. Isso ocorre por conta do chamamento dessas instituições de ensino por parcerias público-privada. Existem modelos, por exemplo, que funcionam através de um tipo de curadoria de cursos. O primeiro passo é o setor privado apresentar sua demanda de formação e trabalho. Se essa demanda é suficiente para formar uma turma, a empresa atua como curadora do curso. Dessa maneira, há grandes chances que, ao final do curso, muitos alunos  sejam contratados.

Etecs: formando jovens com visão de mercado

Além das fatecs existem as Etecs paulistas. As Etecs são as Escola Técnicas Estaduais. Elas oferecem cursos técnicos gratuitos e sob a supervisão de Fatecs.

Essas instituições são mantidas pelo estado de São Paulo e contêm uma parceria com o Centro Paula Souza. As Etecs oferecem cursos técnicos, de especialização e ensino médio.

Assim como na Fatec, os cursos da Etec também possuem excelência na formação profissional. Um dos diferenciais dos estudantes das Etecs são as experiências práticas de estágios. Essa vivência é fundamental para inserir os jovens no mercado de trabalho.

O que as IEs podem aprender com o ensino técnico brasileiro?

Tanto a Fatec quanto a Etec são conhecidas por preparar o aluno para o mercado de trabalho.  As grades curriculares são consistentes e equilibram formação humana e técnica.

A interatividade, a tecnologia e a vivência prática da profissão são pilares do ensino técnico. No Brasil, essas instituições têm dominado os rankings que avaliam a educação pública do país.

De acordo com uma pesquisa publicada em 2018 no  jornal Folha de São Paulo, 13 das 30 melhores escolas estaduais do Brasil são Etecs. Entre as primeiras 60 escolas públicas do Estado, 46 são Etecs.

A proposta das Fatecs e Etecs é desenvolver pessoas com pensamento inovador e que supram demandas de mercado.

Para o Presidente Executivo da Brasscom (Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação),Sergio Paulo Gallindo, a grade curricular das IEs precisa passar se modernizar: “O ensino brasileiro prioriza ensinar a teoria primeiro e depois a prática. Essa é a cultura inversa de universidades fora do país. Nos Estados Unidos, por exemplo, as instituições de ensino de referência partem de casos práticos para depois teorizar”, explica.

Para Gallindo, é necessário repensar a maneira como se ensina no Brasil. Além disso, ele aposta nas parcerias das instituições de ensino com o setor empresarial: “A conexão universidade e empresa é que viabiliza projetos e evoluções tecnológicas. Isso também é tendência lá fora e aqui ainda não foi replicado. Precisamos levar o conhecimento produzido nas IEs para o mercado de inovação”, diz.

E então, você acha que é possível inspirar-se nessas ideias para sua IE?

Grupo de executivos comemorando uma meta alcançada

Hubs de inovação: educação, tecnologia e mercado de trabalho

Outra experiência válida para as instituições de ensino são os hubs de inovação. Se você ainda não sabe o que é isso, agora é a hora de aprender.

Basicamente, um hub de inovação é uma rede de pessoas que se conectam para estruturar um negócio. Na prática, é um ambiente que reúne diversos especialistas para pensar e executar um projeto empreendedor.

Ok, mas você deve estar se perguntando: o que isso tem a ver com minha IE?

Muitos hubs de inovação estão surgindo dentro de instituições de ensino. Isso é muito positivo porque o hub é um ponto de encontro. Nele circulam startups, empresas e investidores, instituições de fomento e prestadores de serviços. A partir disso, diversas oportunidades de trabalho são criadas.

Só no estado de São Paulo, existem treze parques tecnológicos, treze incubadoras e  dezesseis centros de inovação dentro de universidades. Com isso, a tendência é que as grades curriculares das instituições se adaptem ao contexto.

Conexão, criatividade, muito networking e tecnologia. Essas são palavras-chave do mercado de trabalho atual. Para aproximar os alunos dessa realidade, sua IE precisa investir neste tipo de conhecimento.

Conclusão

Uma das maiores preocupações dos alunos é ter que enfrentar o mercado de trabalho. Principalmente em tempos de crise, é importante que sua IE ofereça cursos que considerem essa demanda.

Em resumo, o desafio da sua instituição de ensino é adaptar-se ao momento e se reinventar nas crises. Dessa maneira, é possível construir uma formação de qualidade e com foco no mercado de trabalho.

Relembre agora fatores e modelos que sua IE deve priorizar para isso:

  • Ouvir e entender as demandas do aluno;
  • Manter-se bem informado sobre o contexto econômico do país;
  • Construir grades curriculares estratégicas para o mercado;
  • Parcerias público-privada;
  • Inspirar-se no modelos de sucesso do ensino técnico;
  • Estimular a proposta dos hubs de inovação;
  • Manter as capacitações da sua equipe atualizadas.

Não perca tempo tentando combater a evasão com estratégias ultrapassadas no mercado. Gestores de instituições de ensino precisam ter um olhar analítico para o contexto atual.  Afinal, isso é imprescindível para destacar-se diante da concorrência e atrair mais alunos.

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Sergio Fiuza
por Sergio Fiuza