O setembro amarelo nos provoca a refletir sobre a importância da saúde emocional na educação e como esse tema precisa ser trabalhado nas instituições de ensino
A depressão atinge cerca de 12 milhões de pessoas no Brasil e, cada vez mais, jovens e adolescentes vêm sendo diagnosticados com a doença. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio já é a segunda causa de morte de jovens brasileiros que têm entre 15 e 29 anos.
Os dados são alarmantes e revelam um contexto que precisa ser observado com urgência pelas instituições de ensino. Afinal, é na fase escolar e de desenvolvimento da vida acadêmica que a saúde mental dos jovens tem sido afetada.
Contudo, o tema exige muito cuidado ao ser abordado e muitos gestores de instituições de ensino têm dúvidas sobre a necessidade ou não de falar e como fazê-lo.
Neste post você vai entender como e porque falar de suicídio.
Estatísticas alarmantes
A saúde mental tem se tornado um assunto cada vez mais debatido no Brasil. No mês de setembro ocorre a campanha “Setembro Amarelo”, que aborda a temática em geral e trabalha para promover a prevenção ao suicídio.
As doenças mentais e o suicídio estão muito presentes entre as gerações mais novas. Conheça algumas estatísticas sobre a geração Z, os jovens nascidos entre 1995 e 2010.
- De acordo com uma pesquisa da Consumoteca, 35% dos jovens brasileiros da geração z relata já ter sofrido depressão em alguma fase da vida;
- 57% dos entrevistados diz conhecer alguém da sua idade que sofre de depressão;
- 55% dos jovens pesquisados se define como “ansiosos” ou “muito ansiosos”;
População de risco
Infelizmente não é fácil identificar pessoas em alerta vermelho para o suicídio. Afinal, doenças mentais não têm cor, classe social ou gênero. Além disso, de acordo com especialistas, o suicídio não é apenas uma situação isolada ou uma tomada de decisão repentina. O ato representa uma situação limite, em que o jovem quer apenas “acabar com a dor” que sente.
Algumas doenças estão mais relacionadas ao suicídio, são elas:
- Depressão;
- Transtorno afetivo bipolar;
- Esquizofrenia;
- Síndrome do pânico;
- Transtornos de personalidade, entre outras.
Além desses fatores, há também uma questão mais sensível relacionada ao alto índice de suicídio entre jovens. Segundo a teoria do “minority stress” (estresse de minorias), existem estresses sofridos de forma crônica por populações que são consideradas minorias.
No caso de jovens LGBTTQI e negros no Brasil, por exemplo, ter uma identidade condicionada a não-aceitação, rejeição, discriminação e violência contribui para um risco aumentado de suicídio.
Devemos falar de suicído no Setembro Amarelo?
A escola ou a universidade é – em muitos casos – o espaço onde o jovem passa mais tempo durante seu dia. É dentro das instituições de ensino que os alunos vivenciam aspectos importantes de socialização e de expectativas pessoais nesta fase da vida.
Sendo assim, é fundamental proporcionar ambientes acolhedores e saudáveis e que ofereçam uma estrutura mínima para lidar com questões urgentes de saúde mental. É preciso, também, encaminhar esses alunos aos profissionais especializados.
A campanha do Setembro Amarelo pontua a importância de falar sobre o tema, mas ocorre apenas no mês de setembro. Em sua instituição de ensino, o trabalho precisa ser durante todo o ano.
Eduardo Calbucci é fundador do Programa Semente, projeto focado em desenvolver habilidades socioemocionais em instituições de ensino. Segundo ele, o principal problema envolvendo o sofrimento mental, é que este não é um tema muito discutido. “É preciso falar. A primeira coisa que o gestor precisa entender é a necessidade de criar um ambiente em que essas discussões possam acontecer. O espaço da escola e da universidade precisa ser de acolhimento, onde as pessoas estejam à vontade para falar sobre suas próprias emoções e serem compreendidas”
Como falar de suicídio?
Algumas instituições são pegas de surpresa quando um aluno comete suicídio e a dúvida sobre como abordar o assunto surge. Afinal, isso não seria um gatilho para outros alunos? Falar não pode ser pior? De fato, é preciso muita cautela, afinal, há informações que só especialistas podem transmitir.
Ainda de acordo com Eduardo Clabucci, “o gestor precisa buscar profissionais especializados – psicólogos e psiquiatras – tanto para capacitar seus profissionais para falar sobre o tema, quanto para atender alunos. Só eles podem diagnosticar e tratar. O papel da escola ou universidade é dar apoio e criar um espaço de acolhimento e que fomenta a discussão.
Mais que falar, é necessário agir!
Não deixe esse tema para segundo plano por medo de abordar. As doenças mentais são um problema real e grave que afetam, não somente os alunos, como professores e corpo técnico de sua instituição de ensino.
É preciso dar a importância devida ao tema e proporcionar um ambiente de escuta ativa e humana. Não permita que seus alunos e funcionários deixem de se abrir e pedir ajuda por medo de represálias. Afinal, alunos e professores saudáveis e produtivos são a chave do sucesso de qualquer instituição de ensino. Pense nisso!