Entenda os atuais problemas do Fies e conheça formas de combater a inadimplência
Em 2019 o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) completou 20 anos de existência em meio a manchetes que anunciam a “crise no Fies”. Após anos possibilitando a expansão do ensino superior, o programa bate recorde de dívidas e apresenta um déficit.
De acordo com dados do Governo Federal, 47,7% dos estudantes matriculados estão inadimplentes.Nesse sentido, as instituições de ensino privadas estão sendo diretamente impactadas pela crise.
Assim sendo, neste blogpost você vai entender os detalhes da crise no Fies e conhecer estratégias para buscar soluções eficazes.
Entenda o Fies desde o princípio
Criado em 1999, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, o Fies visa auxiliar pessoas de baixa renda a ingressarem em uma instituição de ensino.
Nesse sentido, o programa oferece financiamento estudantil, ou seja, o estudante beneficiado tem parte ou todo valor da mensalidade paga pelo Governo. Entretanto, após a conclusão do curso, ele precisa devolver o dinheiro conforme acordado em contrato.
Em 2010, o programa ganhou propostas de expansão, facilitando os critérios de adesão e diminuindo as taxas de juros. Dessa forma, em 2016, 22% dos alunos matriculados em IES particulares usavam o Fies.
Diferente do Prouni (Programa Universidade para Todos), por exemplo, que oferece bolsas de estudo isentando o aluno de dívidas, o Fies pode formar inadimplentes.
Como resultado da alta adesão ao longo dos anos e de contextos de crise econômica no país, o impacto disto tornou-se preocupante.
Como está acontecendo a crise no Fies?
De acordo com dados do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) de 2019, 59% dos contratos do Fies estão em atraso. Portanto, isso significa que três em cada cinco estudantes estão inadimplentes.
Para além disso, é preciso contextualizar os cenários externos que afetaram o programa e o mercado educacional nos últimos anos. São eles:
- Crise econômica;
- Instabilidade política;
- Aumento da taxa de desemprego no país;
- Corte de verbas;
- Falta de repasses do Governo etc.
Além disso, a crise no Fies envolve tentativas frustradas de resolução. Em 2018, houve uma reformulação nas regras do programa. Ele foi dividido em modalidades com diferentes taxas de juros, porém algumas delas sob gestão dos bancos.
Como resultado disso, o prazo de carência foi reduzido e acabou tornando o Fies menos atraente para os estudantes.
Nos anos seguintes, outras mudanças ocorreram e para 2020 houve uma grande redução no número de vagas ofertadas. Ao todo, o programa oportunizou apenas 70 mil novos contratos.
Modelos de financiamento: o Fies é insustentável?
Em seu início, o Fies bancava o acesso de estudantes em IES privadas ao possibilitar empréstimos com a União via bancos estatais: Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
Até 2009, os candidatos precisavam de um fiador para garantir uma segurança ao empréstimo. Contudo, mudanças trouxeram o Fgeduc (Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo) ao programa.
Dessa forma, o próprio governo passou a ser responsável tanto por emprestar quanto por cobrar a dívida em caso de não pagamento. Nesse sentido, toda a configuração do Fies tornou-se ainda mais complexa e insustentável.
Em síntese, especialistas afirmam que o Fies “quebrou” ao liberar recursos com mais facilidade, porém concentrando a responsabilidade do financiamento sobre a União. Mas, afinal, é possível driblar esta crise e buscar soluções?
Como combater a inadimplência e a evasão frutos da crise no Fies
A crise no Fies está consolidada e é um desafio atual do mercado educacional. No entanto, os gestores precisam manter o foco na busca de soluções. Afinal, a educação continua sendo uma demanda recorrente da sociedade.
Em entrevista sobre o tema para o blog, o economista Luis Carlos Burbano Zambrano, reforçou a necessidade das IES trabalharem com seus próprios financiamentos estudantis.
De acordo com ele, as instituições também precisam reduzir custos de suas campanhas e buscar parcerias estratégicas. Além dos financiamentos próprios, as IES podem investir em programas de parcelamento estudantil e até adotar modelos de seguro educacional.
Em síntese, especialistas do setor apontam que a crise no Fies pode ser um momento oportuno para construir soluções inovadoras.
Estratégias para sair da crise: comece a agir agora
A crise no Fies é uma prova de que as IES devem adotar medidas próprias para garantir mais segurança em sua gestão financeira. Ou seja, é necessário desenvolver uma gestão analítica e estratégias para prever este tipo de situação.
As instituições que permanecerem inertes apenas esperando soluções do governo não sobreviverão ao mercado. Sendo assim, comece a agir agora para identificar qual a melhor forma da sua IES reagir à crise.
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