As aulas presenciais ainda estão longe de voltar à normalidade. Um levantamento que acaba de ser feito pela Quero Educação indica que sete estados ainda não têm data prevista para o retorno dos estudantes e outros três já afirmaram que o retorno será apenas em 2021. Ou seja, 10 estados ainda estão longe de voltar ver seus alunos nas salas de aula. E quando o retorno ocorrer, a retomada será realizada em etapas, como já é aplicada nas localidades onde as turmas estão de volta ao seus campi.

Portanto, deve permanecer no radar dos gestores a continuidade dos programas de inclusão digital iniciados com a pandemia. A medida mais comum tomada pelas instituições de ensino foi a negociação com operadoras de telefonia celular para a oferta de planos específico para seus alunos. O Descomplica, por exemplo, se aliou a uma operadora de telefonia celular e, graças ao seu DNA digital, oferece seus conteúdos via app sem consumo do pacote de dados. A Cruzeiro do Sul Educacional foi além, se uniu a uma empresa de telecomunicação e criou um operador móvel virtual, a Cruzeiro do Sul Telecom. Desse modo, oferece aos seus alunos planos pré pagos, com acesso a um volume de dados suficiente para acompanhamento das aulas. O acesso aos ambiente virtual da universidade também é isento de consumo de dados. Como o serviço é mais barato do que planos equivalentes oferecidos por outras operadoras, a empresa espera tornar-se a operadora escolhida pelos seus alunos. 

Como oferecer internet aos alunos

Se sua instituição de ensino não é nativa digital como o Descomplica, nem uma empresa disposta a criar uma operadora virtual de serviços de telefonia celular como a Cruzeiro do Sul, a saída é enfrentar o problema da maneira mais tradicional. Por tradicional entenda negociar com as operadoras locais a compra de chips e doá-los aos estudantes. 

Foi desse modo que a Universidade Presbiteriana Mackenzie enfrentou o problema da impossibilidade de acompanhar as aulas remotas oferecidas durante a pandemia. Sérgio Dantas, coordenador de graduação do Mackenzie explica que a instituição de ensino se uniu aos diretórios acadêmicos para levantar quantos alunos necessitavam da ajuda digital e partiu para a negociação com as empresas de telecomunicações.

A universidade adquiriu 3.500 chips de celular com 40 gigabytes de dados. Eles atenderão bolsistas do Prouni, de programas filantrópicos e alunos que passam por restrições econômicas devido à pandemia. A intenção era que a medida durasse até o fim do segundo semestre de 2020, entretanto, com o prolongamento das medidas de distanciamento social e a larga escala de digitalização de conteúdos, o programa deve durar bem mais. 

Sérgio Dantas conversou com o Radar da Educação. Ele detalhou as medidas adotadas pelo o Mackenzie e concluiu que a ação não é nada proibitiva, em termos econômicos. Veja a entrevista no vídeo abaixo.

Portanto, as aulas remotas vão continuar no radar das instituições de ensino por uma bom tempo. Quando tudo tiver passado, celulares não serão mais perseguidos em sala de aula, pois passarão a fazer parte do material didático. Será, enfim, a consolidação do ensino híbrido. 

Rui Goncalves
por Rui Goncalves
Jornalista especializado em educação.
Editor do Minuto da Educação e do Radar da Educação.