Saiba sobre os diferentes modelos de ensino híbrido (blended learning) e como aplicá-los em sua escola de idiomas

Até 2013, quando começou-se a falar de ensino híbrido, ensinava-se mais ou menos da mesma forma em qualquer escola. Os alunos sentavam-se em fileiras, tomavam notas, faziam provas e exercícios. Quem tinha facilidade nisso, apresentava boas notas. Já quem encontrava dificuldades, teve uma péssima experiência escolar

As gerações Millenial e Z trouxeram consigo a mudança na forma de aprender. Criados com tecnologia, tiveram e têm seu cérebro desenvolvido de forma diferente, é o que dizem os cientistas. Por isso, tantos alunos de hoje têm dificuldade de assistir a uma aula até o fim e fazerem anotações. 

Uma vez que entendemos isso, como ainda esperar que as novas gerações aprendam como aprendíamos há 10, 20 anos? Finalmente, educadores têm compreendido a necessidade de oferecer uma educação desafiadora e ajustada aos novos tempos

Desenho de um lápis colorido no qual se lê "love to learn", em inglês, ilustrando o ensino híbrido para escolas de idiomas.

O que é ensino híbrido (ou blended learning)?

Ensino híbrido define a combinação de e-learning com métodos tradicionais de sala de aula e estudos independentes. O resultado almejado é a criação de uma nova metodologia de ensino híbrida. 

Para alguns, isso é mais do que distribuir tablets ou aumentar o número de computadores nas escolas. É, sobretudo, uma mudança profunda no modo como professores e alunos lidam com a experiência de aprender.

Combinar online e offline visa satisfazer a necessidade dos alunos de controle e sentido sobre o que aprender. Nesse modelo de ensino, os professores (agora chamados facilitadores), focam em 4 áreas principais:

  • Trabalho de conteúdos de curso online e offline;
  • Facilitação da comunicação com e entre os alunos, incluindo a pedagogia de comunicação de conteúdo on-line, sem as dicas que os alunos receberiam pessoalmente;
  • Orientar a experiência de aprendizagem de alunos individuais e personalizar o material, quando possível, para fortalecer a experiência de aprendizagem;
  • Avaliação e classificação, que não diferem muito das expectativas dos professores na estrutura tradicional de ensino.

Quais os modelos de ensino híbrido?

Rotação por estação

Modelo de ensino híbrido em que alunos, numa única aula, alternam entre o aprendizado on-line e outras modalidades de aprendizado. O cronograma pode ser fixo ou a critério do instrutor. Nesse modelo, maior parte do aprendizado ainda ocorre numa sala de aula física. A sala de aula invertida é o exemplo mais clássico do modelo de rotação na prática.

Rotação individual

Num determinado tema (exemplo, falsos cognatos), os alunos rodam, individualmente, num cronograma fixo personalizado entre as modalidades de aprendizagem. Uma delas tem de ser on-line. Os professores definem horários individuais dos alunos. Este modelo de blended learning é diferente porque, nele, os alunos não necessariamente giram para cada estação ou modalidade disponível.

Laboratório Rotacional

O Laboratório Rotacional permite que os alunos alternem pelas estações num horário fixo. A aprendizagem on-line ocorre no laboratório de informática. Este modelo permite acordos de horários flexíveis entre professores e outros profissionais. Desse modo, os laboratórios de informática são visitados com maior frequência.

Flex

Aqui, estudantes alternam entre as modalidades de aprendizado numa programação fluida e personalizada que usa a aprendizagem on-line como base. Similarmente ao Rotação por Estação, os alunos ainda aprendem, primordialmente, na instituição de ensino física, mas, sob o Modelo Flex, cada classe é dividida em componentes on-line e off-line.

A la carte

O aluno faz um ou mais cursos on-line, além de cursos tradicionais na escola física. No modelo à la carte, os alunos escolhem entre cursos on-line e off-line de acordo com sua conveniência.

Virtual Enriquecido

Modelo de ensino híbrido em que o aprendizado é dividido entre componentes on-line e off-line. Apesar de o tempo entre aluno e professor ainda ser necessário, no modelo Virtual Enriquecido, o aluno não tem de, obrigatoriamente, ir à instituição todos os dias

Sala de aula invertida

Com a sala de aula invertida, os estudantes têm acesso direto ao conhecimento, antes da aula. O professor serve como treinador e mentor. Com este modelo, os alunos têm de preparar seus momentos de contato com o mentor. Durante o tempo de contato, os professores podem ampliar a aplicação e o processamento mais profundo do material de aprendizagem.

Os modelos de ensino híbrido podem ser aplicados em sua escola de idiomas?

Para responder à pergunta, O blog da Quero Educação entrevistou Juliano Costa, vice-presidente de Educação da Pearson e líder do conselho editorial da Entretanto, portal de conteúdo para professores especializado em inovação educacional. 

Foto de Juliano Costa, entrevistado do grupo Pearson

QE – Entre modalidades tradicionais e modernas, qual você considera adequada ao ensino de idiomas e por quê? 

JC – A modalidade mais comum atualmente e mais eficaz é conhecida como blended learning (justamente de onde vem a expressão ensino híbrido), combinando o material impresso com as ferramentas digitais

Essa modalidade transita entre as soluções educacionais físicas e virtuais e permitem que, mesmo sem um professor, o aluno consiga praticar o idioma, através de ferramentas de speaking practice (“falando” com o software) ou listening (escutando ativamente ou escutando a si mesmo). Além disso, também é possível praticar a escrita, já que as plataformas digitais possibilitam a digitação em outro idioma com funções de correção e orientação de escrita. 

O único ponto de atenção aqui é que no ensino do idioma a criança que está na fase de letramento, necessita de material físico para exercitar a escrita e a psicomotricidade. No material impresso também é possível ler textos maiores de forma mais confortável que nas telas brilhantes de tablets, celulares e computadores. 

Para modalidade de interatividade, o digital complementa muito bem o aprendizado de idioma. Já na modalidade de desenvolvimento das competências que exigem ler e escrever, o material impresso, físico e manipulável é mais confortável e abrangente, já que pode acessar mais faixas etárias. No fim das contas, o modelo blended permite que o estudante passe mais tempo exposto ao idioma.

Há barreiras para a adoção do ensino híbrido?

QE – Quais as barreiras para a aplicação deste modelo? 

JC – As maiores barreiras são a disponibilidade de tecnologia, a infraestrutura de acesso à internet e o acesso aos hardwares que são os tablets, os celulares, os computadores e os notebooks. São esses três pontos que possibilitam alunos e professores a usufruírem do modelo de ensino híbrido de forma correta. 

Além desses fatores, também temos outra barreira que é a formação dos professores e o preparo das instituições educacionais para usar as tecnologias disponíveis hoje. Os educadores e as unidades de ensino ainda estão se acostumando com o modelo de aprendizagem híbrida, fazendo treinamentos e investindo em formação através de cursos à distância, presenciais e leitura de materiais complementares. 

É importante destacar que o ensino híbrido não é apenas uma tendência, mas uma realidade.

QE- O que as escolas de idiomas podem ganhar com a aplicação deste modelo?

JC – Primeiro, ganham escala ao dividir os espaços de aprendizagem entre os momentos presenciais e digitais que podem ocorrer à distância e no tempo do aluno

Segundo, oferece para os estudantes um tempo maior de exposição à língua, fator fundamental para a aprendizagem de um segundo idioma. Com um app, o aluno estará o tempo todo exposto à nova língua com vídeos, atividades, podcasts e outras atividades que o deixam mais imerso, com uma tendência de aprendizagem maior se comparado às instituições tradicionais. 

A terceira vantagem é se diferenciar competitivamente, passando do modelo tradicional entre professor e aluno, dentro da sala de aula, para um formato contínuo. Dependendo da tecnologia que se usa, é possível colocar outros agentes dentro das plataformas como alunos e a própria família do estudante.

Texto sobre a planilha de fluxo de caixa escolar

Conclusão

Em suma, o ensino híbrido, ou blended learning, lança mão das melhores ferramentas on-line para dar suporte a uma sala de aula orientada por professores, mas que incentiva os aprendizes a explorar e seguir seus próprios caminhos com módulos baseados em computador.

Para as escolas de idiomas, o modelo mais conveniente é o blended learning, que combina material impresso e ferramentas digitais. Lembre-se de que crianças precisam do material físico para exercitar a escrita e a integração das funções motoras e psíquicas.

Enfim, para ter sucesso, é preciso treinar os professores para que tirem o maior proveito possível das tecnologias com seus alunos.

Esperamos que este artigo tenha sido útil! Mantenha-se bem informado sobre o ensino de idiomas no blog da Quero Educação.

 

 

Roger Garcia
por Roger Garcia