Conversamos com um infectologista sobre as condições para o retorno das aulas presenciais.
A atual fase da pandemia foi muito bem definida pelo primeiro-ministro português, António Costa.
“Temos mesmo uma luz ao fim do túnel, mas é essencial compreender que o túnel ainda é muito comprido”
Desde o início dessa pandemia, nunca estivemos tão perto de uma solução. A discussão sobre o início da campanha de imunização no Brasil já começou, apesar dos embates políticos e a falta de uma previsão clara sobre quando e como isso vai ocorrer.
Para as instituições de ensino superior isso significa dizer que o retorno às aulas presenciais ainda exigirá uma série de cuidados. Um campus agitado, com centenas ou milhares de alunos circulando por seus pátios e lotando salas de aula vão ter que esperar.
Até a imunização de uma grande parcela da população serão meses de transição do 100% remoto para o 100% presencial. Enquanto isso, adaptações e compromisso de todos com a segurança desse processo serão necessários.
O Radar da Educação ouviu o médico infectologista do hospital da PUC Campinas e professor da Faculdade de Medicina da mesma instituição, André Giglio Bueno. A experiência na linha de frente hospitalar e em sala de aula permite ao infectologista avaliar as condições nas quais uma retomada das aulas presenciais devem ocorrer.
Giglio entende que antes da imunização em larga escala, o ensino superior irá conviver com um modelo de aula no qual parte dos alunos estarão em sala e outros acompanharão as aulas pelo computador. Além disso, diversas medidas deverão ser tomadas para reduzir o risco de contágio.
- garantir que o ambiente seja arejado e que haja troca de ar frequente;
- manter uma baixa ocupação da sala de aula, com separação de 2 metros entre as pessoas;
- indicar claramente, na entrada de cada sala, quantas pessoas podem ocupar o local ao mesmo tempo;
- mapear aqueles que pertencem a grupos de risco e adiar o retorno deles;
- fiscalizar o uso de máscaras durante toda a permanência no local;
- permitir a higienização das mãos com uso de álcool em gel 70% ou com lavagem frequente com água e sabão;
- monitorar temperatura corporal;
- não permitir a participação das aulas presenciais de indivíduos com sintomas ou que tiveram contato com pessoas com sintomas da Covid-19;
- adicionalmente, adotar o uso de aplicativos que permitam a alunos, professores e funcionários a avaliar suas condições de saúde.
Giglio também destaca a importância da instituição de ensino estar preparada para controlar surtos que podem ocorrer.
“A instituição tem que estar preparada para retroceder. Suspender as atividades durante uma ou duas semanas e investigar contactantes para que possa retornar com segurança”
Prever até quando essas medidas farão parte da rotina nas faculdades brasileiras é uma tarefa muito difícil. O importante é ter a certeza que tais medidas poderão ser adotadas enquanto for necessário e que as pessoas estejam engajadas no respeito a cada uma delas.
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