Saiba mais sobre a diversidade na educação e entenda a importância de adotá-la em sua instituição de ensino
A diversidade nunca foi um tema tão importante quanto é nos debates atuais, seja na política, nos negócios e, também, no ambiente acadêmico. A promoção da diversidade na educação, além de contribuir para a transformação da sociedade, é totalmente benéfica para as instituições de ensino.
Assimilada pelo conceito de sustentabilidade, a diversidade está presente nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) criados pela ONU. A intenção dos ODS é que empresas públicas e privadas, sociedades e governos se unam para atingir as metas globais estipuladas para o ano de 2030. Tudo isso, a fim de diminuir o impacto ambiental e erradicar a pobreza e exclusão social.
Atualmente, não se fala mais em sustentabilidade sem abordar as questões de diversidade e inclusão. Neste contexto, as universidades e demais instituições de ensino têm um papel muito importante para se alcançar os ODS – de modo especial a partir da promoção da diversidade na educação. O ODS número 4, inclusive, tem como meta “assegurar a educação inclusiva, equitativa, de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todas e todos”.
Saiba mais: A relação entre Diversidade e Sustentabilidade
O que é diversidade e inclusão?
“Diversidade é o conjunto de diferenças e semelhanças que definem as pessoas e as tornam únicas, segundo o seu gênero, etnia, orientação sexual, idade, religião, nacionalidade ou deficiência. É uma questão de fundo ético. Diz respeito à inclusão, dignidade, equidade, liberdade”, define Ricardo Voltolini,um dos principais especialistas brasileiros no tema e CEO da Ideia Sustentável – uma consultoria em sustentabilidade empresarial.
Uma instituição de ensino diversa é aquela cujo público interno (alunos, funcionários, professores e gestores) é formado por diferentes pessoas com as características citadas acima. Além disso é necessário ter visões de mundo e experiências de vida diferentes.
Entretanto, não basta ter diversidade. É preciso, também, incluir. Enquanto a diversidade é o conjunto de diferentes pessoas, promover a inclusão é integrar todas elas, de forma que tenham as mesmas oportunidades e condições.
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A evolução da diversidade na educação
Até pouco tempo atrás, as instituições de ensino eram reservadas para uma parcela muito privilegiada da população. Normalmente, apenas homens brancos e ricos podiam frequentar uma universidade.
Além de contarem com as condições necessárias para se dedicarem aos estudos, sobretudo financeiramente, essa parcela da sociedade era culturalmente considerada como superior às demais pessoas. Raramente, mulheres e negros, por exemplo, entravam para a vida acadêmica. Tudo isso em virtude do machismo e do racismo tão presente na sociedade.
Por causa disso, quase não há – ou pouco são conhecidas -, na história, referências a mulheres e negros como grandes cientistas, empresários ou acadêmicos. Quando se encontra essas referências, suas biografias costumam ser marcadas por inúmeros obstáculos e dificuldades.
Apesar das transformações desse cenário, a falta de inclusão ainda é uma realidade que precisa ser mudada. Isso só será possível com a adesão dos gestores e diretores universitários a uma eficiente política de diversidade e inclusão.
Diversidade na educação em números
Enquanto no passado, grande parte dos alunos universitários era formada, majoritariamente, por homens, no cenário atual essa realidade mudou. O ingresso das mulheres no mercado de trabalho e suas conquistas sociais estimulou, também, o acesso ao ensino superior.
De acordo com o Censo da Educação Superior, publicado pelo INEP em 2018, o número de mulheres tem ultrapassado o de homens, exceto nas engenharias, conforme indica o gráfico abaixo:
Fonte: Elaborada por Deed/Inep com base nos dados do Censo da Educação Superior.
A desigualdade no mercado de trabalho
Apesar do número de mulheres ser superior ao dos homens nos cursos de graduação, o desemprego feminino ainda assusta. Conforme aponta a Organização Internacional do Trabalho (OIT , o desemprego feminino é 45% superior ao dos homens. Além disso, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apesar de investirem mais em educação e formação, as mulheres ainda enfrentam disparidade de renda. Afinal, recebem menos que os homens e ocupam cargos inferiores.
Portanto, além de matricular mulheres em seus cursos e formá-las como profissionais, as universidades também devem atuar de forma a promover a inclusão feminina no mercado de trabalho. Uma forma de promover essa inclusão é através de parcerias com empresas e organizações.
Saiba mais: A jornada pelo emprego e o papel da graduação
A desigualdade no ensino
Já em relação aos alunos com deficiência, o número de matriculados no curso superior teve um aumento de quase 360% em 8 anos, de acordo com o Censo de 2013. Já as universidades particulares representam 72% dessas matrículas.
Em 2016, foram registrados 12.290 ingressantes de graduação declarados como deficientes, com transtorno global do desenvolvimento ou altas habilidades/superdotação. Esse número corresponde a apenas 0,4% do total de ingressantes.
O gráfico abaixo informa o total de ingressantes de graduação, conforme o tipo de deficiência, no Brasil, em 2016.
Fonte: Elaborado por Deed/Inep com base nos dados do Censo da Educação Superior.
Os dados do Censo da Educação Superior de 2017 incluem números referentes a matrículas na graduação de acordo com cor/raça declarada. No Brasil, segundo o documento, matricularam-se no ensino superior alunos com as seguintes cores/raças:
- Branca: 3.292.585 (39,73% do total de matriculados)
- Preta: 532.607 (6,42% do total de matriculados)
- Parda: 2.157.189 (26,03% do total de matriculados)
- Amarela: 133.920 (1,61% do total de matriculados)
- Indígena: 56.750 (0,68% do total de matriculados)
- Não dispõe da informação: 65.432 (0,78% do total de matriculados)
- Não declarada: 2.048.180 (24,71% do total de matriculados)
O número de pessoas autodeclaradas pretas ou pardas corresponde a 32,45% dos matriculados no curso superior no Brasil, em 2017. Contudo, o ingresso de negros nas universidades foi possível devido à Lei de Cotas Raciais, sancionada em 2012. Em 2011, antes da Lei, do total de 8 milhões de matrículas, apenas 11% foram feitas por alunos pretos ou pardos.
Para saber mais sobre a Lei de Cotas e como elas contribuem para a diminuição da desigualdade social, recomendo a seguinte leitura: Como funciona a Lei de Cotas Raciais em universidades brasileiras?
Professores também devem representar diversidade
Mas não é só entre os alunos que a diversidade importa. Em um levantamento feito pelo G1 com dados do INEP, apenas 16% das quase 400 mil pessoas davam aulas em universidades públicas e particulares do Brasil, em 2017, se autodeclararam pretas ou pardas.
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